13/03/2019 18h57 - Atualizado 13/03/2019 18h57

Tudo o que se sabe sobre o ataque que deixou dez mortos em Suzano

Por Destaques

Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, foi palco de tragédia que ocorreu nesta quarta-feira (13). Estado de São Paulo está em luto de três dias

Massacre em escola de Suzano, na Grande São Paulo, tem dez mortos

A escola estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, a 50 km de São Paulo, foi palco de um massacre na manhã desta quarta-feira (13). De acordo com o governo do Estado, dois antigos alunos mataram oito pessoas, entre eles cinco estudantes e duas funcionarias, e depois cometeram suicídio. Outras dez ficaram feridas. Ainda não se sabe o motivo do ataque.

Segundo João Camilo Pires de Campos, secretário de Segurança Pública, os nomes das vítimas fatais são: Marilena Ferreira Vieira Umezo e Eliana Regina de Oliveira Xavier ambas funcionárias da escola, o proprietário da locadora Jorge Antônio Moraes, e os alunos Pablo Henrique Rodrigues, Cleiton Antônio Ribeiro, Caio Oliveira, Samuel Melquíades Silva de Oliveira e Douglas Murilo Celestino. Os outros dois mortos são os atiradores.

“quando se deparam com a força tática, cometeram suicídio. Estavam no local sargento Camargo, cabo Ariana e cabo Diniz, com escudo, como é feito [o procedimento]. Eles não conseguiram entrar nessa última sala [cheia de estudantes]”, disse o secretário.

Os atiradores usaram um carro, Chevrolet Onix branco, modelo 2018/2019, com placa QPJ-3280 placa de Belo Horizonte (MG), para chegar ao local. Após estacionarem o veículo em frente ao colégio, os jovens teriam invadido a escola disparando, por volta de 9h30. A Polícia Técnica-Cientifica iniciou a perícia no carro logo após o crime.

A primeira vítima teria sido um tio de um dos jovens. Segundo testemunhas, o familiar possuía uma locadora, a qual o atirador trabalhava, mas fora demitido há pouco tempo. No local, o proprietário João Antônio Moraes foi atingido por um dos disparos e não resistiu aos ferimentos.

Em seguida, os jovens teriam ido para a escola, onde logo no início teriam atirado contra duas funcionárias da instituição. Depois, invadiram salas de aulas, atirando em demais alunos.

João Doria decretou luto oficial de três dias no Estado de São Paulo

Bruna Nascimento/Myphoto Press/Estadão Conteúdo

Segundo a Polícia Militar do Estado de São Paulo, os atiradores cometeram suicídio. Foram identificados, segundo o órgão, como Luiz Henrique de Castro, que iria completar 26 anos no sábado (16), e o outro tinha 17 anos, apontado como Guilherme Taucci Monteiro. Segundo fotos dos jovens atiradores já mortos, não há armas de fogo em seu entorno. Questionada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) não respondeu sobre a certeza de que eles haviam cometido suicídio.

Testemunha também relatou que um dos atiradores portava uma faca, além da arma de fogo. A PM (Polícia Militar), por sua vez, encontrou no local revólver .38, uma besta, um arco e flecha, um machadinho e objetos similares a coquetéis molotov.

Feridos

O governo do Estado divulgou, por meio de sua assessoria, às 11h47, que outras 23 pessoas teriam ficado feridas. “Nove foram encaminhadas para o Hospital Santa Maria, três para a Santa Casa de Misericórdia de Suzano, duas para Luzia de Pinho Mello, dois para Hospital Santana, cinco para Santa Marcelina e duas para Hospital das Clínicas”, informara o texto. Minutos depois, às 12h35, o governo voltou atrás e confirmou 10 vítimas — desta vez, sem mencionar quais seriam os hospitais para onde foram encaminhadas.

Durante a entrevista coletiva, os nomes dos feridos foram informados. São eles: Leticia Melo Nunes, Samuel Silva Felix, Beatriz Gonçalves, Anderson Carrilho de Brito, Murilo Gomes Louro Benite, Jennifer Silva Cavalcanti, Leonardo Vinicius Santana, Adna Bezerra e Guilherme Ramos.

Luto

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB),decretou luto oficial de três dias no Estado,  acompanhado de bandeiras a meio-mastro, em reação ao massacre. O tucano lamentou o crime. ”Acena mais triste que assisti em toda a minha vida.   Fui ao local, fiquei consternado. Nunca tinha visto uma cena igual. A minha solidariedade às famílias e aos feridos”, disse em entrevista, ao lado do comandante geral da Polícia Militar, coronel Marcelo Vieira Salles, e do secretário da Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos.

Na foto, o atirador que cometeu suicídio Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos

Reprodução Record TV

Policial dentro da escola

Há a possibilidade de que este homem – que aparece após dois minutos de vídeo, de camiseta regata vermelha, seja o policial civil mencionado em áudio revelado horas após o crime.

Relatos

“Naquela época, o bullying era constante. Era praticamente impossível trabalhar em uma escola com sala de 50 alunos, sendo que comportaria cerca de 30. Me lembro de um aluno que desmaiou e foi chamado o Samu, e quando o Samu chegou acharam comprimidos entorpecentes ao lado do vaso sanitário”, disse Edilson Castilho Tavares.

A aluna Kelly Milene Guerra Cardoso, de 16 anos, acredita que  mas saíram atirando em todo mundo”. A estudante disse que estava comendo no pátio quando ouviu o barulho e tiros e, juntamente com amigos, saiu correndo para a cantina.

Em entrevista à Record TV, Andreia de Souza, mãe de um estudante, disse que o seu filho sobreviveu ao ataque.

mulher também contou que seu filho chegou em casa machucado. “Ele deve ter se ralado no momento em que tentou fugir.” Ela disse, também, que “depois de um tempo, quando saiu, tinha gente morta nos corredores”, lembrou.

Uma testemunha contou, também à Record TV, que o atirador “saiu atirando em todo mundo e depois se matou. A gente saiu correndo e se abrigou em algumas casas”, disse a adolescente. “Fiquei muito assustada, peguei a minha amiga, que estava do meu lado. Eu saí correndo, e ela correu junto”, complementou.

“Eles estavam bem abalados. Alguns pais os vieram buscar, outros foram recolhidos pela Capes”, conta. A moradora afirma que os adolescentes que chegavam estavam em estado de pânico e teriam dito, inclusive, que não sabiam como chegaram ao local.

Dicas em fórum

No fórum chamado Dogolochan, os jovens agradeceram a ajuda, e deixaram rastros para avisar seus colegas virtuais do massacre que estava por vir. O fórum é conhecido como um local onde são discutidos abertamente a prática de crimes, violação de direitos humanos, além de racismo e misoginia.

Tópicos do fórum mostram que Luiz Henrique de Castro e Guilherme Taucci Monteiro, 17, pediram dicas de como realizar o massacre. Um print datado do último dia 7 mostra o que parece ser um dos atiradores agradecendo DPR, o administrador do Dogolachan  pelos conselhos recebidos.

Publicação no fórum Dogolachan mostra que atiradores o frequentavam

Reprodução

“Muito obrigado pelos conselhos e orientações, DPR. Esperamos do fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão. (…) Nascemos falhos, mas partiremos como heróis. (…) Ficamos espantados com a qualidade, digna de filmes de Hollywood”, diz a mensagem.

Em outras mensagens no Dogolachan, usuários se questionam se os atiradores eram integrantes do fórum e a resposta dada por um dos administradores foi positiva.

Bolsonaro

Por meio de seu perfil oficial no Twitter,  das vítimas do ataque.

“Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atentado ocorrido hoje na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!”, escreveu o presidente na rede social, seis horas e meia após o massacre no colégio.

Luiz Henrique de Castro, no lado esquerdo, e Guilherme Taucci Monteiro

Reprodução/Record TV

Carro usado

O veículo utilizado por Guilherme Taucci Monteiro e Luiz Henrique de Castro antes do massacre  O Chevrolet Onix 2018/2019, de cor branca, é de propriedade da Localiza Hertz, empresa especializada em aluguéis de veículos.

A companhia confirmou a informação em nota oficial. Segundo o comunicado, o carro foi alugado na cidade de Suzano, e tinha previsão de devolução para o próximo dia 15 de março. Ainda de acordo com a empresa, Luiz cumpriu todos os procedimentos regulares de locação: ser maior de 21 anos, ter um mínimo de dois anos de CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e aprovação de crédito.

 

Fonte: R7

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