Núcleo de Sucessão da ACIC promove palestra com Harry Fockink
“O que encontrei em comum em todas as empresas longevas é que elas têm um credo, uma forma clara de transmitir e executar esse credo ao longo das gerações”, afirmou o especialista em sucessão de empresas, Harry Fockink. Na última semana, o recém-lançado Núcleo de Sucessão da Associação Comercial, Industrial, Agronegócio e Serviços de Chapecó (ACIC), promoveu um evento especial para sensibilização da temática.
Harry expôs um modelo de gestão para empresas duradouras. “Tive a oportunidade de trabalhar com negócios familiares na Itália, com até oito gerações e na Alemanha, com seis gerações. Percebi que elas compartilham um estilo de gestão em comum. Sintetizei isso em um modelo de gestão estratégica.” De acordo com dados do especialista, no Brasil quase 80% das empresas são de propriedade de famílias locais e proporcionam mais de 60% dos empregos, por isso, a necessidade da temática ser abordada.
O paradigma a ser superado é o famoso ditado “pai rico, filho nobre, neto pobre”, segundo Harry, um fenômeno universal em empresas familiares. A continuidade de uma empresa familiar é, frequentemente, desafiada por quatro fatores principais. Primeiro, os conflitos não resolvidos que podem se transformar em ressentimentos, minando a harmonia necessária e criando potenciais “bombas humanas” dentro da organização. Em segundo lugar, a falta de profissionalização, com a mistura dos papéis de executivo, familiar e sócio, que pode comprometer a gestão eficiente.
Além disso, a continuidade da empresa, muitas vezes, depende da disposição do fundador em realizar a transição de vida e poder, bem como na mentoria eficaz dos herdeiros. Por fim, a preparação técnica dos herdeiros para a transição é crucial, mas representa apenas 49% do necessário. O palestrante enfatizou que as atitudes e os comportamentos adequados são o que realmente importam para garantir o sucesso da transição.
“Pude observar que, assim como no Vaticano, essas empresas praticam o que chamo de ‘liturgias organizacionais’. Elas têm conselhos, mentores que repassam a cultura, e evangelizadores que mantêm a tradição viva. Essas práticas são essenciais para trabalhar a comunicação, as atitudes e as conexões dentro da empresa”, salientou o especialista.
Um herdeiro ou candidato a continuar uma empresa, que busca sucesso e qualidade de vida, deve adotar diversas atitudes essenciais. “É importante lidar bem com adversidades e desenvolver um estilo próprio de ser e gerir. Contar com mentores, especialmente da geração que atualmente dirige a empresa e ser dedicado é fundamental. Perguntar mais do que afirmar, desenvolver habilidades de negociação, manter uma atitude positiva e conhecer a psicologia do dinheiro são também cruciais”, indicou Harry.
PLANEJAMENTO
“Desde o primeiro dia em que você abre o CNPJ, já deve começar a pensar na sua sucessão. Afinal, o que acontecerá se não estiver presente amanhã ou como a empresa continuará. Isso deve ser considerado constantemente”, frisou o presidente da ACIC, Helon Rebelatto. Ainda adicionou que em uma região como o oeste catarinense, o tema de sucessão empresarial é essencial. “O núcleo surgiu de uma demanda que recebíamos há algum tempo de nossos associados, que apontavam a necessidade de discutir o processo sucessório dentro das empresas. Reconhecemos a importância disso para a perenidade das empresas em Chapecó, especialmente, considerando que muitas delas são familiares.”
A diretora de núcleos empresariais, Cleunice Zanella, expressou a importância da primeira ação organizada pelo Núcleo de Sucessão e afirmou a relevância do tema para a continuidade do desenvolvimento das empresas locais. “Aproveitamos esse momento para sensibilizar as empresas presentes, incentivando-as a participar do nosso Núcleo. Essa é nossa primeira atividade, o foco será sempre promover ações e discussões que fortaleçam o processo de longevidade das organizações.”
Fonte: (Débora Sberse/ MB Comunicação)