Inovação na Educação Básica: Uma Postura, um Posicionamento
Por: Marcia Maria Rosa, Diretora Colégio Unochapecó
Inovar na Educação Básica vai além de introduzir novas ferramentas ou práticas no cotidiano escolar; é assumir uma postura intencional e estratégica que responda aos desafios contemporâneos da formação integral.
Em um cenário em que a educação enfrenta pressão crescente por resultados, inclusão e conexão com as demandas da sociedade, a inovação surge como um posicionamento essencial, sustentada pela adoção de metodologias ativas, pela sistematização de processos e pelo protagonismo estudantil como centro das práticas educativas.
A Educação Básica enfrenta desafios históricos:
altas taxas de evasão, desigualdades de aprendizagem e a necessidade de uma formação que vá além do conteúdo, da teoria, uma formação experiencial e promotora de competências.
Nesse contexto, as metodologias ativas se apresentam como uma resposta eficaz para engajar os estudantes em experiências concretas, conectando teoria e prática.
Como defende Moran (2015), é fundamental que os estudantes sejam colocados no centro do processo educativo, assumindo um papel ativo na construção do conhecimento.
Projetos baseados na resolução de problemas reais (PBL), estudos de casos, gameficação e design thinking são estratégias que, além de promoverem autonomia, são decisivos para o desenvolvimento de competências como criatividade, pensamento crítico e colaboração.
Outro aspecto crucial da inovação na educação básica, é a organização e sistematização de processos pedagógicos e administrativos.
Para que práticas inovadoras gerem impacto real, é necessário estabelecer estruturas que garantam coerência e continuidade.
Segundo Fullan (2001), uma inovação bem-sucedida depende da integração de práticas, tecnologias e formação, sustentada por uma liderança escolar capaz de promover uma cultura de mudança.
Nesse cenário, a adoção de tecnologias digitais e de inteligência artificial (IA) transforma a dinâmica da Educação Básica.
Autores como Lévy (1999) e Siemens (2005) já apontaram para o papel das tecnologias em expandir as possibilidades de aprendizagem, rompendo com os limites do espaço e do tempo escolar tradicional.
Hoje, plataformas adaptativas, assistentes virtuais baseados em IA e ferramentas para análise de dados educacionais permitem personalizar o ensino e mapear lacunas de aprendizagem de forma eficiente. Além disso, como afirma Selwyn (2019), a adoção de tecnologias deve ser crítica e intencional, garantindo que sirvam para fortalecer o protagonismo estudantil, e não apenas para reproduzir métodos tradicionais de forma digitalizada.
O Colégio Unochapecó exemplifica como essas inovações podem ser aplicadas na prática.
Ancorado em uma proposta pedagógica que valoriza a experiência para além da teoria, o colégio implementa metodologias que conectam o conhecimento acadêmico às realidades dos estudantes.
Laboratórios, iniciação científica, estudos de meios, workshops por áreas de conhecimento e acesso a experiências universitárias reforçam a importância da prática como elemento central do aprendizado.
Além disso, a utilização de plataformas adaptativas, como o Geekie One, e a inserção de projetos interdisciplinares, como o Empreendedorismo Jovem, Educação Financeira, Robótica e STEAM, demonstram como a inovação pode ser sistematizada em processos pedagógicos.
Mais do que uma adaptação ao novo, a inovação na Educação Básica é um ato de compromisso com o futuro.
Ela exige líderes que enxerguem os desafios como oportunidades e educadores interessados em transformar a sala de aula em um espaço de experimentação, diálogo e construção coletiva.
Inovar é mais do que incluir tecnologias; é construir uma escola conectada com a sociedade, com o estudante e com as transformações que ainda estão por vir.
Fonte. Crédito foto: Ionara Virmes/AI Unochapecó