De escritoras a palestrantes
Estudantes do ensino médio superam deficiências, escrevem livro e agora se preparam para compartilhar suas histórias
Enquanto para muitos nascer com deficiência pode ser um limitador, para as estudantes do ensino médio, Mariana Ramos Dapper e Luz Milagro Bravo Jimenez, é a oportunidade para desmistificar o preconceito com quem vive com deficiência e mostrar que não existe limite quando se tem um propósito definido.
No ano passado, com o apoio da Escola de Educação Básica Coronel Ernesto Bertaso, e suporte e incentivo da professora Eloá Gnoatto da Sala Atendimento Educacional Especializado (AEE), as estudantes escreveram um livro que mostra como é o cotidiano de quem vive com deficiência. Elas nasceram sem os braços e conseguiram superar todos os limites. Hoje estudam, praticam esporte e aproveitam a oportunidade que a Filó Comunicação oferece, através de uma parceria com a Fundação Aury Luiz Bodanese, e se preparam para palestrar sobre o tema.
No início era para ser uma formação em Oratória, mas o professor e Mestre em Comunicação, Dirceu Hermes, notou que as estudantes poderiam muito mais e despertou nelas a vontade de se tornarem palestrantes. Agora, estão envolvidas na organização da palestra e se preparam para dominar os palcos.
Oportunidade de crescimento
Para Mariana, realizar esse treinamento é uma oportunidade de crescimento. “Saber se comunicar é ter um futuro melhor, porque a comunicação é tudo. Eu comecei a realizar melhores trabalhos de escola, conversar com as pessoas e, inclusive, fornecer entrevistas”, destaca a jovem de 16 anos. Para Luz, de 17 anos, os encontros possibilitam, além da evolução na comunicação, a humanização nas palavras. “É uma experiência muito boa, pois aprendemos coisas novas durante esse tempo, como falar, se comunicar e como chegar no coração das pessoas. Acredito que seguir praticando nos dará futuro”, afirma.
“Quando começamos o trabalho, percebemos que estavam diante de nós, duas meninas extremamente talentosas”, destaca Dirceu. “Montamos a palestra para mostrar ao público como é ser uma pessoa PCD e mostrar os desafios que a gente enfrenta”, evidencia Mariana. “As pessoas irão poder nos conhecer e se identificar”, complementa Luz. As percepções das estudantes encontram-se com o propósito revelado por Dirceu, “que elas estejam preparadas para inspirar e transformar a vida de outras pessoas”.
Resultados Positivos
Tanto Luz como Mariana revelaram que a mentoria foi o primeiro contato profissional, de fato, com a comunicação. “Quando cheguei, eu tinha dificuldade com a minha fala. O professor nos passou técnicas e tivemos resultados positivos”, relata Luz. Ela destaca que passou, ao momento de se comunicar, olhar para o público e falar de forma calma. O mesmo aconteceu ao participar de entrevistas, na qual Luz diz “respirar e depois relaxar, para falar com tranquilidade”.
Mariana explica que, por ser atleta de paradesporto, também é procurada pelos veículos de comunicação para entrevistas, ainda mais, após bons resultados. Fato que ocorreu no último mês, na qual ela trouxe para Chapecó suas medalhas conquistadas em uma competição de natação, em Florianópolis.
“Antes da entrevista, realizei um exercício de respiração para me sentir mais calma e, assim, conseguir responder às perguntas do jornalista da melhor maneira”, afirma. Raquel Ramos Dapper é mãe de Mariana e não esconde o sentimento de enxergar o desenvolvimento da filha. “Eu fico muito orgulhosa por ela. A Mariana sempre foi uma menina muito tímida e que tinha dificuldade em falar. Ao longo desse mês, com a mentoria do Dirceu, ela tem organizado melhor os pensamentos”.
A coordenadora da Fundação Aury Luiz Bodanese, Sonara Bergamo, reafirma a confiança nos profissionais que conduzem a mentoria para as alunas. “Acreditamos plenamente no trabalho da Filó, razão pela qual os procuramos para firmar esta parceria, e, acima de tudo, pelo comprometimento que a Filó demonstra com causas sociais que nos fortalecem e engrandecem”, enfatiza. A primeira palestra das meninas será realizada no segundo semestre deste ano.
Fonte: Texto e fotos: Carla Cenci/ Filó Comunicação