Professor não tem Conselho Profissional e não tem código de ética.
A barbárie vai à escola? Não, a barbárie já está também na escola.
Um levantamento rápido e que pode ser realizado por qualquer pessoa permitiu constatar que de 22 ataques à escola 17 foram praticados por alunos e ou ex-alunos e têm relação imediata com as relações entre estudantes e entre professores/gestores e estudantes. Ou seja, a violência à escola em maioria dos casos tem relação direta com as violências na escola, mais conhecidas pelo termo bullying.
Na maioria dos casos a violência não vem de fora, emerge dentro da própria escola ainda que sofra influências externas. Isso explica porque os ataques, praticados em muitos casos por adolescentes de 13 a 17 anos, não ocorrem em shoppings, supermercados ou outros espaços.
A escola é um dos principais complexos que constituem a sociedade e compõe juntamente com a família e a mídia o núcleo principal no processo de educação das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Nesse contexto institucional tanto se produz quanto se reproduzem violências sociais.
O Senado Federal já se manifestou publicamente e promoveu debates sobre o assunto e o Ministério da Educação e Cultura – MEC – em 2012 já manifestava apreensão com as violências na escola e solicitou a realização de pesquisas sobre o tema conforme relatado em livro de 2018 que resultou de pesquisa coordenada pela Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT – em parceria com diversas entidades nacionais da Psicologia, como o Conselho Federal de Psicologia – CFP – e a Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE).
Portanto é falsa a ideia de que a instituição escola é um ambiente democrático, acolhedor e seguro. As violências que anteriormente detinham-se nos muros da escola hoje proliferam nesse espaço.
Consequentemente, grades e portões são importantes para evitar ataques dentro da escola, mas não resolvem o problema.
É preciso repensar as políticas educacionais e o processo de socialização na escola assim como a sociedade como um todo.
Se há problemas de educação científica e ético-filosófica há também nas relações socias e impotência educativa da parte dos professores manietados por políticas focadas em diminuir custos e aumentar taxas de aprovação independentemente da qualidade da educação e das relações sociais na escola.
Violências leves e moderadas são relatadas e conhecidas por professores, gestores, vereadores, prefeitos, deputados e governadores. Contudo, de 2022 para cá há uma explosão de violências graves.
Certamente o discurso violento, autoritário, ultraconservador e fascista vigente no Brasil contribui para o agravamento das violências e a explosão de ataques à escola com consequências nefastas para todos, pois os ataques não diferenciam culpados ou inocentes, meninos ou meninas, ou partidários de uma ou de outra ideologia.
O que fazer? O que professores e pais podem fazer? Os pais podem minimamente orientarem seus filhos a não revidarem violência com violência.
Na escola, contexto propício a emergência de conflitos devido ao grande número de pessoas reunidas e da diversidade de crenças e valores presentes, os professores podem mediar os conflitos e denunciarem as violências e os efeitos perversos de políticas educacionais que favorecem violências nas escolas.
Sozinhos os professores não conseguem resolver o problema até porque não têm poder e autonomia para tanto, mas sabem o que acontece nas escolas, conhecem a realidade. Até quando vão silenciar? Os pais, por outro lado, não sabem o que acontece nas escolas e têm o direito de saber. Os prefeitos, os governadores, o atual e os ex-presidentes sabem.
Os deputados e os senadores sabem. Os psicólogos sabem. O que vão fazer? A barbárie está na escola assim como na sociedade, o que vamos fazer?.
Solange Aparecida da Rosa
Professora, Psicóloga Escolar e Educacional
CRP/12 – 04816
Fonte.assessoria de comunicação